Quem é Ocílio Ferraz? por Regina Rousseau

Quem é Ocílio Ferraz?


Ocílio Ferraz é uma pessoa intensamente interessante, um viajante do tempo, sábio, mas sobretudo, simples. E o simples é o que o torna uma pessoa especial, pois ele traz dentro de si uma chama incandescente, a qual chamo de amor. Amor pelo belo, pelo justo, pelo simples. Cheguei em Silveiras, dia 22 de maio, pouco antes do almoço. Num sitio no meio da cidade, onde ele mantém pomares e hortas que abastecem as panelas, sempre cheirosas, em cima do fogão de lenha. Lá estava aquele homem fascinante, com seu amigo, José Ricardo e seus fiéis escudeiros e ajudantes: Maria e Eugenio.
Era seu aniversário. Colhi uma florzinha de seu imenso quintal e ofereci a ele. Ele abraçou-me demoradamente, como se sempre me conhecesse. Àquele abraço selou nossa amizade. E neste cenário, olhando para as janelas que emolduram verdes, almoçamos, saboreando da sua comida caseira, eu, ele, uma amiga querida em comum, e meu ex-professor de faculdade, José Ricardo. Mais que títulos de sociólogo, escritor, pesquisador, empreendedor e membro acadêmico, Ocílio é acolhedor. Filho de Silveiras, completou 75 anos de vida, bem vivida. Suas primeiras letras e vivências artísticas, históricas e culturais ocorreram em Cachoeira Paulista e Lorena, e ele é conhecido em todo o Vale Paraíba, São Paulo, e internacionalmente. Ao conversar com ele, percebe-se a simplicidade própria daqueles que são iluminados. Possui uma fascinante diversidade cultural, histórica, ambiental, arquitetônica, musical, gastronômica e dos valores humanos raramente cultivados. É um empreendedor motivado, estimulou a implantação de instituições preservacionistas em toda a região. Em sua fazenda Gramado, em Caçapava, implantou pioneiro núcleo de educação ambiental, cultural, rural e gastronômica, com resultados multiplicadores pela ousadia na percepção de talentos, nos mais singelos ambientes rurais e urbanos daquele município. Ocílio Ferraz desde 1988, reside em sua Fazenda do Tropeiro, na cidade natal de Silveiras, onde mantém um restaurante com o próprio nome. Um misto de restaurante, cozinha, biblioteca, e local de divulgação cultural, onde pratica a cozinha tropeira, objetivo desta aventura gastronômica. Entre os petiscos, regados com cachaças variadas, encontra-se lambari de rabo vermelho; torresminho; mandioca frita; pinhão; linguiça; queijos, variadas saladas, galinha caipira com urucum, a leitoa cevada no pinhão, a paçoca de amendoim feita no pilão, e claro, a farofa de içá, que eu amo desde criança. É Membro da Academia de Letras de Cachoeira Paulista, Membro da Academia Brasileira de Gastronomia, reconhecida internacionalmente. Suas publicações fazem parte também da Biblioteca do Congresso Norte Americano. Tudo isso é importante, porém a imagem que guardo do homem Ocílio é sua capacidade de amar e acolher pessoas, da mais graduada àquelas sem estudo algum da mesma maneira, com a mesma cordialidade, sem afetações.


Obrigada Ocílio Ferraz por aceitar o convite e receber a Academia de Letras de Lorena em seu Espaço. Obrigada por existir e ser exatamente como é – um homem simples, que gosta de estar no meio da simplicidade.
Palavras de Ocílio: “Aqueles interessados em Brasil não podem ignorar a contribuição do tropeirismo praticamente em todo o território nacional. As manifestações da cultura tropeira estão presentes diariamente, como destaque para religiosidade, a arte tropeirista, a arte presepista e a arte sacra; na gastronomia; no vestuário; nos ditados populares; costumes dos povos indígenas e africanos; nas profissões afins: seleiro, ferreiro, curtidores de couro, domadores, tenteiros, criadores de animal de tração; enfim no universo de hortas e de quintais e na medicina caseira, nos hábitos de convívio com o meio ambiente, que a figura do tropeiro nos mostra até hoje. Incluo observações meteorológicas de astrologia e dos "homens de fio de barba".


Regina Rousseau






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