Ode à Aracy

Ode à Aracy


(in memoriam de Aracy Carvalho Guimarães Rosa)

Olhe bem para os olhos da bela mulher do retrato.
É a coragem de uma mulher que salvou vidas.
É chamada de O anjo de Hamburgo.
Realmente é uma bela mulher!
Tão bela que recebeu uma carta de amor,
do seu amor, Guimarães Rosa.


Mas não fico a sombra desse amor,
tinha luz própria… e assim como o sol,
seus raios demoraram alguns anos para brilhar.
Mas enfim brilham e conquistam seu lugar na história.
Num país que esquece seus heróis,
Ela é mais uma heroína dos sem memória.

Um sorriso intermitente…
seus olhos negros e vivos enxergavam através das pessoas
e se fixavam em um ponto distante.
Mulher corajosa, determinada e inteligente
ela foi no passado, mas acima de tudo, discreta.
Tão discreta que poucos conhecem a sua história fascinante:

enfrentou e driblou três ditaduras,
salvou centenas de judeus dos campos de dor,
escondeu Vandré, cantor e compositor
quando ele era procurado pelo ditador.
Enfrentou preconceitos para viver ao lado do escritor,
seu amor.
E aos cento e dois anos repousou nos braços do Criador,
seu amor.


por Regina Rousseau


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