Olympe Gouges Por Regina Rousseau

Olympe Gouges


Mulher à frente de seu tempo

Tal cabeça feminina, tão perigosamente pensante, é fato que tenha rolado sob a lâmina da guilhotina. Inflamada, irreverente não parecia com ninguém. Embora, pobre e pouco instruída, condenada a uma vida sem perspectivas, ela reinventou com tanta competência outra vida, que quase tudo em seu passado, é uma grande interrogação.
A grandeza da vida está na beleza da alma que jamais irá perpetuar-se na mesquinhez de uma vida escrava dentro do tempo como um pássaro na gaiola. Transformou-se numa escritora e oradora de língua afiada. Nenhum rótulo se aplicava a ela. Seu porte aristocrático, os traços delicados de uma donzela, o talento para as letras, o estilo tempestivo, não a conseguiu calar diante do regime da ditadura. E mesmo sabendo que andava no fio da navalha, enfrentou com coragem o terror quando os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade foram ameaçados a sua volta. Porém, sonhar é perigoso... pode-se perder a vida numa revolta. Olympe foi atirada na masmorra. Numa manhã fria de novembro, subiu as escadas do patíbulo. E antes de ver tudo vermelho, seu último pedido foi um espelho. Os espelhos são mágicos para uma declaração de amor. Mas em defesa de sua memória, nem a burocracia nem a guilhotina francesa, tiveram o poder de apagar da história, uma mulher única, chamada, Olympe Gouges.
por Regina Rousseau

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